Crónica: A cegueira de Quique sobre Ruben Amorim

Amorim jogou bem e fez jogar, finalmente todos os adeptos dizem que ele é ideal para o centro do meio-campo! Por magia, agora já é um grande jogador! Mas desde há 7 meses que ele está no plantel à disposição de Quique Flores.A receita parece simples (desde a pré-época): Katsouranis e Ruben Amorim a pautar o centro do meio-campo e depois 4 setas criativas para o jogo ofensivo (que serão sempre escolhas entre Reyes, Suazo, Aimar, Cardozo, Di Maria, Nuno Gomes e Carlos Martins).Sem isto, o Benfica demonstrava falta de equilíbrio no ataque, lado esquerdo ofensivo e lado direito só a gerir, meio-campo intermitente sem conseguir pautar os ritmos de jogo, ataque sem saber bem de onde viriam as assistências que precisam, a defesa nunca conseguia confiar na posse de bola do meio-campo e estava sempre em sobressalto com a possibilidade de um passe errado do meio campo originar um contra-ataque rápido da equipa adversária.Lá está, a questão da colocação de Ruben Amorim é muito mais profunda, afectava todo o equilíbrio ofensivo e defensivo da equipa. Agora imaginem se Balboa até se tinha desenrascado no lado direito, a esta hora Amorim já estaria a ser emprestado para um Rio Ave ou assim! Essa é que é essa! Aí já ninguém se lembraria dele e ia tudo atrás das primeiras páginas dos jornais desportivos!No entanto, eu acredito que, mesmo assim, Quique Flores vai voltar a colocar Carlos Martins no meio e Amorim na direita... E só agora é que as pessoas se vão insurgir a sério! Nos outros 7 meses andou tudo caladinho, ou pelo menos, sem visão de jogo neste aspecto.Infelizmente já desisti da visão de jogo de Quique. Sejamos francos, tem um plantel como há muitos e muitos anos nenhum treinador no Benfica tinha e não o consegue rentabilizar. Dirão alguns que estou a exagerar e/ou a não ser humilde, mas tentem lembrar-se da quantidade de derrotas ou empates que o Benfica concedeu (nas quais invariavelmente se manteve este equívoco táctico).Por vezes, nestas coisas Quique Flores fazia-me lembrar o primeiro-ministro Sócrates: nas derrotas consegue ver sempre causas que mais ninguém vê e que, por sinal, não têm nada a ver com a raiz dos problemas. O primeiro-ministro fala da crise internacional para justificar tudo, Quique Flores fala, com ar técnico e sofisticado, da falta de concentração, das más decisões, da falta de maturidade (quando estamos a falar de jogadores com experiência internacional e atenção que já não estamos na pré-época em que ainda ninguém se conhece!) e blá blá blá...Querem a minha opinião? Um Jorge Jesus, José Mota ou outros grandes treinadores portugueses sem pompa, mas com grande leitura de jogo, treino e saber de bola, já teriam visto o grave equívoco Amorim há largos meses!Mais uma reflexão de um benfiquista consciente.Dean Saunders