Berardo quer acabar com monopólio da Olivedesportos

A um dia do fim do prazo para requerer o registo da Operação Pública de Aquisição (OPA) de acções da SAD do Benfica junto da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Joe Berardo repete a ideia de que é a «paixão» que o move, alegando que sente tanto o futebol «como o sexo». Em entrevista à Agência Lusa, o empresário salienta que, com ou sem OPA, deseja um «Benfica de nível mundial» e deixa escapar que quer acabar com o monopólio da Olivedesportos nas transmissões televisivas.



Televisão
O magnata da Madeira considera que o actual sistema de alienação dos direitos televisivos «tem que ser estudado». A Olivedesportos detém os direitos de transmissão dos jogos de todos os clubes da Primeira Liga e Berardo entende que «não pode ficar tudo na mão de um homem». O empresário refere-se a Joaquim Oliveira, dono da Olivedesportos, de quem fala como «um grande amigo», alertando contudo que «as coisas têm que ser reais» e que «deve haver competição».

Para Berardo é evidente que o monopólio «não pode continuar» e que «tem que haver liberdade dos clubes» para escolherem as melhores alternativas. O milionário madeirense entende que «é impossível, as audiências dos grandes serem qualificadas praticamente ao mesmo preço» dos outros clubes nacionais e cita o exemplo espanhol, notando que há «equipas da segunda divisão que fizeram contratos fenomenais».

Caixa de Euros
O Benfica, tendo em conta o actual contrato com a Olivedesportos em vigor até 2013, recebe 7,5 milhões de euros por ano pelos direitos televisivos dos seus jogos, enquanto o Porto aufere cerca de 8 milhões de euros por temporada num vínculo que termina em 2009. Números demasiado modestos se comparados com os 155 milhões de euros que o Real Madrid recebe por época até 2013, ou os 128 milhões a que o Barcelona tem direito. Até em França o Lyon recebe 72 milhões de euros por ano.

A revolta benfiquista em torno da questão dos direitos televisivos e do domínio da Olivedesportos não é de agora. Já em 1998, Vale e Azevedo, ex-presidente das águias, rompeu unilateralmente os contratos que o Benfica tinha firmado com a empresa de Joaquim Oliveira, cedendo os direitos televisivos à SIC. Uma decisão judicial posterior veio a considerar válidos os vínculos com a Olivedesportos e a sentença judicial obrigou o clube a pagar uma indemnização de três milhões de euros à empresa de Joaquim Oliveira. As águias optaram por efectuar o pagamento cedendo a Oliveira 4 por cento do capital da SAD encarnada. Note-se que o dono da Olivedesportos é também accionista nas SAD's de Porto e Sporting.