Beira-Mar-Benfica: encarnados agradecem oferenda de Rego (crónica)

Um Benfica em gestão de energias jogou o quanto baste para vencer um quase inofensivo Beira-Mar, em Aveiro. O golo foi oferecido pelo guarda-redes Rui Rego, é certo, mas ficou a certeza de que, se os encarnados acelerassem um pouco mais o ritmo teriam construído outro resultado.

Jorge Jesus surpreendeu ao deixar no banco três elementos fundamentais do Benfica: Javi Garcia, Aimar e Gaitán. Arriscou, e a verdade é que a ausência do espanhol fez-se notar durante todo o jogo. Matic tem cultura tática, nota-se, mas falta-lhe entrosamento com os colegas.

A primeira parte foi muito agradável de seguir. O Benfica procurava o golo de todas as maneiras e feitios. Pelas alas, pelo meio, por passes curtos e por lançamentos longos – todos os processos serviam. Destaque para a ação de Witsel, que depois de alguns jogos menos exuberantes, voltou a mostrar porque é imprescindível para Jorge Jesus. Impressiona, de facto, a inteligência que põe em campo. Está sempre no sítio certo.

O Beira Mar, por seu lado, fazia jus ao estatuto de equipa menos batida do campeonato. O veterano Hugo comandava uma defesa sempre muito concentrada e no meio-campo defensivo Nuno Coelho mostrava por que foi contratado pelo Benfica. Mercê do balanceamento ofensivo dos encarnados, os aveirenses conseguiam até gizar algumas mudanças de velocidade, conseguindo acercar-se da baliza adversária. Destaque para a boa visão de jogo de Artur, que por mais do que uma vez deixou em sentido outro Artur, o guarda-redes.

Até que surgiu o golo do Benfica, aos 42 minutos. Saviola desmarcou Cardozo, Rui Rego apercebeu-se do perigo e saiu da baliza no timing certo – pontapeou a bola, mas de forma tão deficiente que passou para trás. Cardozo só teve de empurrar de cabeça.

Golo insólito faz baixar o ritmo

Após o intervalo, o Benfica sentiu que tinha o jogo controlado e baixou o ritmo. A vantagem mínima é, normalmente, um resultado perigoso, mas o Beira-Mar raramente mostrou ser capaz de dar a volta ao resultado. A equipa de Rui Bento está impecavelmente organizada no seu meio-campo, é precisa nos passes curtos, mas falta-lhe criatividade ofensiva e homens-golo.

Jesus mexeu no jogo e aos 60 minutos trocou de uma assentada Nolito e Saviola por Gaitán e Aimar. O Benfica cresceu com a troca. Gaitán teve um pormenor genial seis minutos depois de entrar, isolando Cardozo, que desperdiçou enquanto procurava o pé esquerdo.

O mais perto que o Beira-Mar esteve do empate aconteceu num lance em que Luisão e Emerson adormeceram e quase permitiram a Serginho marcar. A acontecer, seria um empate com sabor a injustiça.

O clube da Luz isolou-se assim na frente do campeonato e vai esperar pelo resultado do FC Porto-Nacional, ao fim da tarde deste domingo.