Barcelona: o reinado catalão terminou | Relvado

Barcelona: o reinado catalão terminou

O Barcelona que fazia tremer qualquer adversário já não existe.
 

Nos últimos anos, os adeptos do desporto-rei de todo o Mundo habituaram-se a ver uma equipa que, com base num plantel de categoria mundial, numa filosofia de jogo ímpar e numa estrutura sólida e que promovia um espírito muito próprio do clube e da região, afirmava-se como sendo a melhor equipa mundial. Afirmava-se como sendo uma equipa que, independentemente do adversário que enfrentasse, partia sempre como favorita para a vitória, muitas vezes alcançada com números absolutamente esmagadores. Quer fosse no seu campeonato nacional, quer fosse nas competições europeias, a equipa era temida por qualquer adversário, que ao enfrentá-la entrava em campo com o estado de espírito de quem procura batalhar estoicamente contra um Golias na esperança de se tornar o David do futebol.

Essa equipa, como todos sabem, é o Barcelona. Desde que Frank Rijkaard conquistou a Liga dos Campeões frente ao Arsenal, o Barcelona tinha vindo a afirmar-se como a mega-potência do futebol mundial, como uma equipa indiscutivelmente superior às outras. A forma como conquistava campeonatos com a maior das facilidades (muitas vezes refletida na distância pontual em relação ao segundo classificado), e os sucessivos apuramentos para eliminatórias finais da Liga dos Campeões ilustram isso mesmo. Aliás, desde essa conquista feita por Rijkaard, o Barcelona atingiu duas meias-finais da Liga dos Campeões e conquistou a competição por duas vezes, somando-lhe a conquista de dois Campeonatos do Mundo de Clubes. Números simplesmente assombrosos para os dias de hoje, para uma geração futebolística que reclama o título de mais competitiva e equilibrada de todos os tempos.

Contudo, a meu ver, este Barcelona já não existe. Ou melhor: um Barcelona altamente competitivo e de um nível qualitativo elevado continua a existir, de tal forma que está muito bem posicionado na liga espanhola, continua em competição na Liga dos Campeões e na Taça do Rei. Mas o Barcelona que fazia tremer qualquer adversário, que dava garantia de vitória em qualquer jogo, que fazia os adeptos terem uma “confiança cega” (parafraseando um treinador português…) na conquista de qualquer competição que o Barcelona disputasse já não existe. A hegemonia absoluta e inabalável a equipa catalã terminou, tendo esse fim de ciclo dado os seus primeiros sinais de existência na época passada, e tornou-se (a meu ver) evidente esta temporada.

Desde a época transata que assistimos a resultados e fenómenos desportivos que eram inconcebíveis para qualquer adepto de futebol: assistimos à aplicação de goleadas à formação catalã (o jogo frente ao Bayern de Munique ficará na memória dos blaugrana e de qualquer adepto) e, fundamentalmente, a sucessivos desaires da equipa frente a adversários teoricamente mais fracos. Este tipo de resultados, este tipo de realidade desportiva, enquadrava-se no habitual de qualquer equipa mundial, menos de uma: o surreal, sobre-humano e invencível Barcelona. O Barcelona das últimas épocas, a quem muitos atribuíam o título de melhor equipa da História da modalidade, não chegava a meio da época com 6 empates e 3 derrotas. O “Barcelona de Ouro”, como lhe chamou a France Football, não dava motivos aos adeptos do clube e do futebol em geral para que vissem o empate ou a vitória do seu adversário como um resultado bastante provável. O Barcelona das últimas épocas não criava condições para que equipas como o Valência ou o Atlético de Bilbau entrassem em campo com uma postura assertiva e ambiciosa, não temendo enfrentar os catalães olhos nos olhos.

Interessa, por isso, escrutinar o porquê desta mudança drástica, uma vez que a transformação que refiro verificou-se no espaço de apenas um ano, e com consequências notórias naquilo que é o futebol praticado pelo Barcelona e no que se afirma agora como uma realidade futebolística espanhola e europeia.

Desde logo, é indiscutível que, do ponto de vista da competição, o panorama espanhol e europeu mudou. E mudou para melhor. Se durante muitos anos contámos com um Real Madrid moribundo e com uns esporádicos laivos de qualidade de equipas como o Sevilha e o Villarreal, atualmente isso já não se verifica. Pelo trabalho iniciado por Mourinho, de um lado, e da direção colchonera, do outro, Real Madrid e Atlético de Madrid tinham vindo a afirmar-se a cada temporada que passava nos últimos 4-5 anos como equipas em crescendo de qualidade, equipas que estavam a construir bases sólidas para discutir e almejar a títulos e para colocar em xeque a hegemonia do Barcelona no futebol espanhol. Este cenário, bem real na presente temporada, é, obviamente, um dos motivos que justifica o fim do estatuto do Barcelona como dono e senhor do futebol espanhol. Já não existe um caminho aberto para o título, mas sim uma discussão a três, como a conquista da Taça do Rei na época passada e os excelentes resultados obtidos frente ao Real e ao Barça pelo Atlético, assim como a excelente temporada do Real Madrid o provam.

Por outro lado, a nível europeu, também houve uma transformação para melhor da realidade desportiva; o mapa dos clubes de peso da Europa mudou, e se antes atravessávamos um período no qual o futebol europeu era discutido (essencialmente) entre a Premier League (cujo expoente máximo era o United de Ferguson) e a La Liga (capitaneada pelo Real de Mourinho e pelo Super Barça), desde há poucos anos para cá juntaram-se aos colossos de Espanha e aos históricos britânicos as estrelas germânicas Bayern de Munique e Borussia de Dortmund. E, diga-se, tudo tem levado a crer que os bávaros destronarão os catalães como donos e senhores do futebol europeu! Houve, assim, um alargamento do “clube restrito” de equipas que podem disputar a posição dominante do futebol continental, o que reflete uma maior concorrência ao Barcelona.

Por outro lado, o Barcelona está, agora, a ser afetado pelo mesmo fenómeno que há uns anos afetou (e ainda afeta!!) clubes como o AC Milan e o Inter de Milão: as grandes figuras do clube (à exceção do ídolo argentino), figuras essas que foram os pilares das conquistas do Barcelona e (alguns) até da seleção espanhola, estão a perder o seu fulgor, a sua capacidade física e aproximam-se do fim das suas carreiras (pelo menos na Europa…). O Barcelona perde, assim, e por força do rumo natural da vida, o contributo magistral que jogadores como Puyol, Xavi, Iniesta, Dani Alves e Valdés sempre deram ao futebol da equipa, mas que a idade já não lhes permite continuar a dar por muito que queiram, pelo menos ao nível a que nos habituaram. Há, portanto, um fim de ciclo dentro do próprio plantel do Barça que motiva o fim de ciclo do clube no contexto futebolístico mundial. Resta saber, assim, se a transição que o Barcelona fará surtirá efeitos positivos rápida e eficazmente, ou se os catalães arrastar-se-ão num processo de transformação da equipa que colocará em causa o seu estatuto, como acontece em Itália com os dois gigantes de Milão.

Assim sendo, e em suma, um maior grau de competitividade e os normais fins de ciclo de grandes jogadores são as causas fundamentais do fim de uma hegemonia avassaladora que se prolongou durante anos no futebol europeu, mas que, felizmente, chega ao fim. Um futebol competitivo, equilibrado e imprevisível acrescenta outro toque e entusiasmo ao futebol europeu, e é isso que qualquer adepto procura neste apaixonante desporto.

Internacional:

Comentários [11]

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Geralmente uma imagem vale

Geralmente uma imagem vale por mil palavras, para ti os 90 minutos de ontem valem todos os teus poemas no relvado, nao?

um texto destes so podia ser

um texto destes so podia ser ter nick de Reinaldos e mourinhenses…
Viste o classico hoje?? Gazelas vs. FC Barcelona? E as 2 mãos contra o Man C$ty??
Fazia tremer mas já nao faz. Ahahah Eles falam falam falam mas só dizem MERDA

O grande problema do Barcelona é Xavi

com Guardiola, Xavi, Iniesta e Busquets faziam um meio-campo como o futebol raramente viu, ou até nunca tinha visto, tal era a assertividade e calma que estes executantes tinham no passe quer de risco, quer curto... mas, além disso, Xavi e Iniesta tinham aquela finta em condução de bola, até lenta em que o jogador adversário nunca sabia para onde eles iam... se o passe ainda está lá em Xavi, a finta perdeu-se porque ele não tem já grande capacidade de mudar de velocidade, Iniesta anda muitas vezes perdido pela ala, mas muito por causa da necessidade de manter o meio campo forte, com um jogador sem pulmão como é Xavi...

É a vida, a melhor dupla de construtores de jogo da história do mesmo algum dia tinha que acabar, nada é eterno, agora que Thiago Alcantara ajudaria na tentativa de eternização, disso não tenho a mais pequena dúvida...

Ainda assim é uma grande equipa, talvez precise de ser um bocado abanada... com dois/3 jogadores mais jovens, gente com fome de títulos e não consagrados... porque a génese do seu futebol não se perdeu, este treinador apenas lhe deu mais algumas armas, neste momento de menor fulgor culé...

Há vários factores que

Há vários factores que contribuem para a perda de domínio do Barcelona. O primeiro dos quais foi precisamente a saída de Guardiola. Desde que o catalão saiu do clube que, progressivamente, o Barcelona tem perdido intensidade, com jogadas e jogadores mais desligados e, aos poucos, tem vindo a retroceder ao nível do início desde século. Claro que o envelhecimento de Puyol e Xavi, líderes de balneário, tem contribuído, mas acima de tudo tem faltado a liderança, o carisma, o egenho táctico e a empatia que Pep gerava no balneário.
Claro que o Barcelona tem grandes jogadores que pode sempre vencer qualquer adversário e competição, mas está hoje atrás de Real Madrid (sobretudo porque este é constituído por super-campeões ávidos de títulos significativos que vẽm falhando regularmente nos últimos anos) e sobretudo Bayern de Munique, agora treinado por Guardiola, que soube manter (e elevar em alguns aspectos) o nível da gloriosa época passada.
Mesmo tendo ganho co City, o Barcelona continua atrás do Bayern na lista de favoritos à conquista da Champions e esse fenómeno já demonstra a teoria do autor, mesmo que seja o Barcelona a vencer a edição deste ano. Da mesma forma, que nos ans dourados de Guardiola no Barcelona, mesmo não tendo vencido a Champions (sobretudo no ano do Inter de Milão) continuava a ser a melhor equipa do mundo. Agora já nao é assim...

Já com Guardiola existiam sinais de mudança

para mim, a perda de pulmão de Xavi que nunca teve grande disponibilidade física, as invenções de colocar Iniesta numa das alas, foram alguns motivos que atiraram o Barcelona para um patamar mais baixo... para o futuro, fizeram um grande erro ao vender ou não satisfazer as pretensões de Thiago Alcantara, aliás, como disse na altura, a contratação de Fábregas na minha opinião foi muito errada, até disse que com essa contratação Mourinho estaria mais perto do título, por 2 motivos:

1º uma equipa que tem Xavi e Iniesta com Busquets atrás, não precisa de mais uma grande estrela do meio campo, a exigir a titularidade, resultado, inúmeros jogos com Iniesta numa das alas a fazer uma das piores épocas que lhe vimos fazer...

2º Perda de espaço de Thiago Alcantara que para mim, é muito mais jogador para o Barça que Fabregas, porque tem o toque de bola, mas mais do que isso, tem velocidade que é coisa que não abunda naquele meio-campo...

TERMINOU..., entãon nãon TERMINOU!!! LOL

«"Liga dos Campeões: Barcelona vence em Manchester golo de Daniel Alves perto dos descontos terá sentenciado a eliminatória.
O BARCELONA conseguiu uma vitória em solo inglês, derrotando o Manchester City por 2-0 nesta terça-feira, no regresso da Liga dos Campeões. Na primeira parte a bola esteve durante mais tempo junto aos catalães mas foi o City a equipa mais perigosa. No segundo tempo, logo aos sete minutos, Demichelis cometeu falta sobre Messi dentro da área, foi expulso e o seu compatriota converteu a grande penalidade com sucesso. O segundo golo surgiu já aos 89 minutos, numa jogada rápida finalizada por Daniel Alves.
Vantagem importante para o campeão espanhol, que já tinha visto um golo de Piqué ser mal anulado. A segunda "mão" deste duelo dos oitavos-de-final está marcada para o dia 12 de março, em BARCELONA!"»

P.S. - E ainda foi sonegado um golo limpinho...

Pois, o problema é que existe falta na jogada que deu

origem ao penalty... outro problema é que o penalty foi fora da área... e outro enorme problema é que essa jogada mudou completamente o jogo...

Mas pelas regras..

assinala-se falta onde ela acaba, e não quando ela termina. Só não sei bem se será numa situação dessas..

é quando a falta acaba, a questão é que a falta acaba

fora da área, ou seja, o jogador toca em Messi fora da área em "pancada seca", ou seja, dá e tira o pé, escorrega para dentro da área sem derrubar na área o jogador, ou seja, a falta começa e acaba naquele exacto momento fora da área... mas, não é um erro assim tão escandaloso, o problema foi mesmo a falta anterior e o Barcelona ser constantemente beneficiado na Europa...

"pancada seca", ou seja, dá e

"pancada seca", ou seja, dá e tira o pé??? ahahahaha

O que é que não percebeste?

sim dá um pontapé, faz falta e não prossegue com a mesma... rir não faz de ti mais inteligente, ou não funciona neste caso como argumento, mas não é nada que já não tenhas recorrido várias vezes à falta de argumentos...