Resultado: Benfica 1 - Sporting 0

ás vezes leio o relvado..

e tu, qual é a tua desculpa?..

Aquele que foi insultado pelos vermelhos na ultima jornada!

Mas que roubalheira...diziam eles!

O verdadeiro clássico: o povo contra os diferentes!
por PROZAC

Este fim-de-semana o derby mais antigo, o verdadeiro, vai ser o principal palco da decisão do presente campeonato. Atrevo-me a dizer que este fim-de-semana todos os portugueses são privilegiados; o Benfica-Sporting é sempre um grande espectáculo e ao contrário das outras áreas, neste caso específico que se refere ao espectáculo futebolístico, o nosso país está definitivamente na primeira linha da Europa!

Todos os que gostam de futebol, gostam de assistir a estes jogos, por tudo o que representam e pela tradição e luta de classes que sempre caracterizou este jogo secular. Uma tradição que vem de há muitos anos...

… Ainda agora se festejaram os 60 anos sobre a queda de Hitler. Portugal, um país que em matéria de Segunda Grande Guerra ficou ao mesmo nível de um par de tomates no acto sexual - participou, mas não chegou a entrar -, celebrou na altura, nas ruas e através do povo, esta queda histórica.
O regime salazarista não deixou a comunicação social transmitir o regozijo do povo pela queda do III Reich e as notícias acerca das célebres manifestações populares em Lisboa e no Porto pela queda do regime nazi não chegaram a ser publicadas. Foi pena, porque talvez essas notícias tivessem ajudado a desmistificar um mito que ainda hoje perdura e que esta crónica pretende ajudar a esclarecer: o Benfica nunca foi o clube do regime!

Nessas célebres manifestações, em que o povo saiu à rua, empunhavam-se maioritariamente bandeiras da Grã-Bretanha, França e Estados Unidos, mas também muitas bandeiras… do Sport Lisboa e Benfica! Estas em substituição das encarnadas bandeiras da União Soviética.
O regime rapidamente tentou fazer passar o vermelho do Benfica a encarnado do regime, mas em vão: como uma das únicas instituições democráticas do Estado Novo, o Benfica continuou a ser o clube vermelho do povo e era o clube que promovia reuniões entre membros da oposição (dirigidas pelo Capitão Júlio Ribeiro da Costa) e o próprio PCP, através de Octávio Pato.

Em contrapartida, no Sporting começava a destacar-se Góis Mota, um dos mentores da Legião Portuguesa e homem da confiança pessoal de Salazar. Góis Mota dirigiu inicialmente o departamento de futebol e passou depois a presidir aos destinos da agremiação do Visconde. Entra-se, assim, na década de 50, em que o Benfica dava cartas na Europa do futebol - com a conquista da Taça Latina, o equivalente à Taça dos Campeões Europeus - e o Sporting dominava internamente.

Nessa altura, os clássicos Benfica-Sporting, além de não serem ainda transmitidos na Sport TV, tinham outras particularidades. No fundo, mais do que um confronto entre clubes, eram um confronto entre a oposição ao regime e os homens da PVDE/PIDE...

… Nesse tempo de grande sofrimento para todos os benfiquistas, o campo das Amoreiras foi expropriado pelo Ministério das Obras Públicas, passando o Benfica a utilizar um descampado no Campo Grande, encostado ao já grande Estádio José de Alvalade. O Sporting, já nessa altura, tinha três campos de futebol e diversas instalações desportivas.

Passados cerca de seis décadas sobre essa altura, os jogos do Benfica contra o Sporting continuam a representar uma luta entre classes. Já não é o regime versus a oposição, mas continua a ser o clube do Povo contra a o clube da Elite (vulgo os diferentes)! Sim, porque o Sporting é inequivocamente um clube diferente dos outros, é um clube sério e por isso não paga a nenhum clube para antecipar jogos; é um clube diferente, porque até os jogadores que tem emprestados se constipam na semana em que defrontariam o Sporting, para desta forma não alterar os regulamentos da Liga e continuar a evocar verdades desportivas que pratica tanto como os outros.

Claro, claro.