Nada pode ser igual depois do castigo a Materazzi

Os italianos estão indignados com o castigo de 2 jogos de suspensão imposto a Marco Materazzi por insultos a Zinédine Zidane no jogo da final do Mundial 2006. O ministro do Desporto, Giovanna Melandri, fala mesmo em «atitude descriminatória da FIFA para com a Itália». Em causa está ainda o facto de Zidane, que cabeceou Materazzi no peito, ter apanhado apenas 3 jogos de suspensão que nem terão efeito por ter pendurado as chuteiras. Para o presidente da Federação Francesa, «ao punir Materazzi, a FIFA deu um exemplo». A todos parece contudo certo que tudo mudará depois deste caso...

Para Paolo Maldini, o capitão do AC Milan, o veredicto da FIFA é «escandaloso» e só serve «para desculpar um jogador como Zidane que errou», diz o defesa italiano. E o presidente do Inter de Milão, Giacinto Facchetti, alerta que «isto vai forçar os Comités Disciplinares a ouvirem sempre os jogadores envolvidos nas provocações e reacções». O dirigente destaca que «são casos como este que mudam as Leis e criam precedentes», considerando que a FIFA terá agora que averiguar as situações de agressão de um outro modo.
Também o presidente presidente da Federação Francesa de Futebol (FFF), Jean-Pierre Escalettes, considera que o procedimento da FIFA terá implicações na decisão dos castigos futuros. «Ao punir Materazzi, a FIFA deu um exemplo, mesmo que Zidane seja culpado», destaca o responsável da FFF, realçando que o veredicto da estrutura internacional «vai na direcção da filosofia da FFF e pode ser uma base de trabalho para a Comissão Disciplinar a nível nacional ou local», refere, admitindo assim aplicar no campeonato francês o princípio de punir os jogadores que lancem insultos aos adversários.
E o porta-voz da FIFA, Andreas Herren, veio a público defender o procedimento da estrutura, suportando-se do artigo 54 do Regulamento Disciplinar que prevê «ao menos dois jogos de desqualificação» para os jogadores que lancem insultos de qualquer tipo aos oponentes. Herren nota de resto que a Comissão Disciplinar da FIFA continuará «a avaliar caso a caso» e que «dará a cada jogador a possibilidade de ilustrar as próprias razões para exibir um quadro claro dos factos, como aconteceu nesta ocasião», conclui.