Lucílio Baptista no meio de escândalo italiano

DE OLHOS BEM ABERTOS...
Moggi ainda não se pronunciou sobre os dados que preenchem a comunicação social
italiana, mas o presidente da Federação Italiana, Franco Carraro, vai falar da
questão numa conferência de imprensa nesta sexta-feira à tarde, tal como o
administrador-delegado da Juventus, Antonio Giraudo. Pierluigi
Pairetto, que era o responsável pela nomeação dos árbitros à altura dos factos
investigados, afirma que a sua «boa fé está fora de questão» no processo,
sublinhando o desagrado por «ler coisas que podem ser diferentes da
realidade». Certo é que Pairetto aparece em conversas bem comprometedoras,
conforme transcrevem os jornais italianos. Numa dessas chamadas gravadas, o
ex-elemento da Comissão de Arbitragem da Liga Italiana fala com o árbitro
Paolo Dondarini, designado para o Sampdoria-Juventus de 22 de Setembro de
2004; o juíz nota que é preciso apitar «com cinquenta olhos bem abertos»,
ao que Pairetto responde que é necessário «às vezes ver até aquilo que não
é». Noutra conversa é apanhado Antonio Giraudo a falar com Moggi do árbitro
Antonio Dattilo designado para o Udinese-Brescia de 26 de Setembro de 2004, em
que o segundo diz que «se for preciso desperto-o para partir em dois a
Udinese». O jogo terminou com a vitória do Brescia por 2-1 com a expulsão de
Jankulovski, da Udinese, e oito cartões amarelos, três dos quais para a
Udinese.

EMPRESA DO FILHO DE MOGGI TAMBÉM INVESTIGADA
Nas investigações suspeitam-se também de pressões a jornalistas, para obter
artigos favoráveis em determinadas alturas, e a jogadores para assinarem pela
Gea World, empresa dirigida por Alessandro Moggi, o filho de Luciano Moggi, que
representa alguns dos mais ilustres jogadores do Calcio. O ex-capitão do
Siena, Stefano Argilli, é uma das pessoas que deve ser ouvida no âmbito do
processo depois de ter dito a um jornal que «quem está fora da Gea é
cortado». Argilli foi cedido em Janeiro ao Livorno e declarou então que
Moggi filho «faz o mercado» para a equipa toscana. O filho do director da
Juventus esteve recentemente envolvido num processo por alegada concorrência
ilegítima com ameaça e violência e arriscou a suspensão da actividade durante
dois anos, mas acabou por escapar com uma mera multa dada a intervenção do pai
junto das instâncias disciplinares, conforme apontam as escutas telefónicas
mencionadas.