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A Crónica da Semana

 

Finalistas Europeus: diferenças e semelhanças
por Carrico

O futebol não é uma ciência! Assim, não há fórmulas exactas para o sucesso, não
há lógica, não há esquemas perfeitos. Ao olhar para os 4 finalistas europeus -
FC Porto, Mónaco, Valência e Marselha - isso fica bem evidente.
Já é sabido, a esta hora, que o Valência levou a melhor sobre os
franceses, mas isto não invalida que o Marselha tenha tido um percurso de
sucesso. O mesmo se passará com FC Porto e Mónaco, independentemente do
vencedor.

Analisando as 4 equipas, sou levado a considerar que elas se agrupam a duas,
sendo essas mais semelhantes entre si. Esse agrupamento
seria: Porto/Valência e Mónaco/Marselha.
Se todos os finalistas apresentam solidez defensiva e elementos de grande valia,
as filosofias de jogo e as características das equipas já não são tão lineares.
Em que se assemelham os campeões português e espanhol (o facto de serem ambos
campeões já é uma semelhança)? Em muito, diria...
Em que se assemelham Mónaco e Marselha (o facto de serem ambos clubes
franceses já é uma semelhança)? Em muito, repetiria...
Em que diferem Valência/Porto de Mónaco/Marselha? Em muito, para
variar...

O Valência é uma equipa habituada a estes grandes palcos e tem marcado
presença em diversas finais internacionais, recentemente. O FC Porto é
uma das equipas com mais presenças na Liga dos Campeões e tem, ainda, a
experiência da época passada, quando conquistou a Taça UEFA. Experiência é o
factor comum!
O calculismo é outra das características que estas duas equipas
apresentam, sendo no FC Porto, talvez, mais evidente. Não se ataca por atacar...
Exploram-se debilidades. É possível verificar momentos em que a equipa de
Mourinho troca a bola sem qualquer intenção, procurando apenas o descanso, para
depois atacar e, perdendo a bola, poder aplicar o pressing alto, tão exigente
fisicamente. Isto é calculismo!
Os campeões português e espanhol têm uma grande mecanização, sendo que,
neste aspecto, o Valência levará vantagem. De facto, a equipa de Benítez parece
jogar de olhos fechados. Todos os jogadores conhecem a sua função e
desempenham-na em prol do colectivo.

Em ambas as formações é evidente a capacidade trabalhadora de Costinha e de
Albelda, o precioso auxílio das respectivas linhas defensivas. A particularidade
que mais contribui neste emparelhamento é a presença/ausência de um verdadeiro
Nº10 e o estilo de jogo a que isso obriga. Ora, aqui o
Porto apresenta o «mágico» Deco e os espanhóis apresentam Pablito,
o génio Argentino Aimar! Na final da Taça UEFA, Aimar não jogou de início,
por problemas físicos, mas é por ele que passa todo o jogo ofensivo do Valência.
Deco, do lado português, desempenha o mesmo papel: pauta o jogo, imprimindo o
ritmo desejado, cria jogadas aparentemente impossíveis, cobra os lances de bola
parada, assume o jogo,quando a equipa parece não render... São
elementos-chave!
Da presença destes elementos, as suas equipas beneficiam de uma capacidade de
jogar em toda a largura do terreno, quer entrando em tabelas pela zona central,
quer utilizando remates de longa distância, quer optando por soltar a bola junto
às linhas, libertando estes elementos para aparecerem nas «zonas de fogo».

Os finalistas franceses, pelo contrário, não têm um autêntico Nº10, um
pensador de jogo. Aí, a filosofia passa por atacar preferencialmente pelos
flancos, ou utilizar lançamentos longos, na procura dos seus elementos de ataque
mais velozes. Se o Marselha privilegia os lançamentos longos, aproveitendo a
velocidade e poder físicos de Drogba, Marlet, ou Mido, já o Mónaco alterna bem
os lançamentos para a rapidez de Giuly com o ataque pelas laterais, por Evra,
Ibarra e Rothen, principalmente.
Numa análise muito simplista, poder-se-ia adiantar que a ausência de um elemento
com as características discutidas destas formações as pode ter levado a não
conseguir superar o Lyon, nas competições internas. O Olympique, que já
defrontou os portistas nesta edição da Liga dos Campeões, apresenta Juninho
Pernambucano e Vikash Dhorasoo, que têm características de condutores de jogo,
ainda que o último tenha sido utilizado na ala direita várias vezes. Mas isto
seria, como referi, uma análise muito simplista!
No centro da defesa, outra semelhança entre as formações francesas: centrais de
grande envergadura.
Como semelhança «cruzada», apontaria o facto de os laterais do FC Porto e Mónaco
serem mais ofensivos, enquanto que os do Valência e Marselha sejam mais
rigorosos defensivamente.

Estilos de jogo tão diferentes... sucesso em ambos os casos! Por isso a
afirmação de que não há esquemas perfeitos no futebol. Quando muito, a
fórmula terá de ter, obrigatoriamente, trabalho, concentração e
noção de colectivo, independentemente dos sistemas tácticos.

Finalizando esta análise, resta-me esperar que a final da Liga dos Campeões seja
um espectáculo superior à final da Taça UEFA e que se mantenha a tendência
para a vitória da equipa mais experiente, com mais mecanismos, com um
verdadeiro Nº10... O FC Porto!!!

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Outras crónicas:
- As gentes do
Porto (Clube e Cidade), por o7irg

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Comentários [4]

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hmmm mais ou menos

quanto ao "10"... o aimar andou muito tempo lesionado e a equipa adaptou-se a um 442 clássico, com dois pontas.

mas a semelhança entre valência e porto está de facto ao nível de consistência e indíces psicológicos.

off topic:

porto e valência podem ser os vencedores este ano.
ganharam em provas maioritariamente a eliminar, mas mostraram argumentos para lutar por algo numa "superliga" (esta a merecer o nome) europeia em sistema de campeonato. o arsenal e o milan foram eliminados em dias maus, e desculpem-me os honoráveis dragões mas acho-os mais fortes que o fcp.

além disso temos a taça uefa a convergir para o modelo da champions. e acabamos por ver na uefa equipas do nível das da champions como bem o mostram o valência ou a roma. será um dia real esta superliga?

:)

O quê??? Uma crónica este fim de semana que não é sobre o casamento real em Espanha!!! Como é possível?!!??!

Porra que estranho!!!

Estava à espera desta semana ser uma crónica a descascar no Benfica.

Errata

Onde se lê "... enquanto que os Do Valência e Marselha sejam...", deve ler-se "... enquanto que os do Valência e Marselha são..."

Obrigado