A Crónica da Semana

Para onde caminhas Adriaanse?
por Heleniko

É natural e unanimemente aceite e reconhecido que a equipa do FC Porto está a
ser gerida sob a incompreensão da massa associativa (ou de parte significativa
desta). No limite, até estará a ser gerida contra alguns princípios dos seus
sócios e adeptos. Aquilo que transparece do blindado seio interno do clube é que
aqueles que depositam confiança no treinador (e na gestão da SAD) não
compreendem os sócios em questão, sub-valorizam-nos em vários factos importantes
e significativos que se sucederam esta época, dos quais os últimos meses vêem
sendo a gota de água.

Os últimos factos incluem duas semanas de férias no Natal e Ano Novo, seguidos
de dois dias de folga. Seguidos dos seguintes jogos:
1º JOGO - Taça: jogo ganho a jogar mal. Reconhecidamente a equipa estava com
falta de ritmo - férias prolongadas de mais.
2º JOGO - Campeonato: uma derrota na Amadora. Um jogo em que se começou a perder
e não se foi capaz de dar a volta ao resultado.
3º JOGO - Um particular - Dínamo Moscovo: três jogadores de referência deixados
no banco, claramente a pagar pela derrota contra o Estrela da Amadora. Jogo sem
carga competitiva ganho contra adversário muito inferior. E no qual se
aproveitou para mudar a táctica. Jogou-se razoavelmente.

Desde que se mudou a táctica nesse jogo particular, o FC Porto jogou três vezes
para o campeonato:
1º JOGO - Naval: confirmou-se a mudança táctica, o 6º capitão de equipa
diferente esta época, Vítor Baía, Paulo Assunção e Pedro Emanuel no banco. Foi
contra a mesma equipa que 15 dias antes os dragões eliminaram da Taça de
Portugal e ganharam com um auto-golo do adversário. Jogou-se mal.
2º JOGO - Vila do Conde: Baía no banco (situação mal gerida, pela forma como
foi feita); insistiu-se no Pedro Emanuel no banco, e o Porto teve o 7º capitão
de equipa esta época. Jogou-se mal. A táctica variou de novo. A equipa inicial
também. Jogo empatado. Não foram apresentadas soluções, nem tácticas, nem
substituições que resolvessem o jogo a favor. O treinador é insultado à
saída. O treinador é atacado por adeptos do próprio clube. Campanha de desagravo
a Co Adriaanse.
3º JOGO - em casa com o Braga: pôs-se o Pedro Emanuel em campo - variou-se de
capitão de novo. Variou-se de táctica de novo! Jogou-se bem (ou até muito
bem), rematou-se 26 vezes à baliza. Não foram apresentadas soluções, nem
tácticas, nem do banco que segurassem o resultado. Pelo contrário. A solução
encontrada ao único problema colocado pelo Braga (em desespero) teve influência
directa no resultado.

Passaram sensivelmente 50 dias desde o Natal. Nesta fase, o balanço é de modo a
que os sócios estejam com alento? Nos últimos 4 jogos o FC Porto conseguiu 5
pontos. O Sporting conseguiu 10 pontos. O Benfica conseguiu 4. O Benfica perdeu
dois jogos seguidos. O Sporting está reconhecidamente em
gestão desportivo-económica e financeira interina. O seu treinador é novo nestas
andanças. Gere a equipa há 3 meses!

No último mês e meio em vez de se consolidar a equipa e o esquema de jogo, em
vez de equilibrar e dar rotinas, a equipa técnica resolveu inovar e inventar.
Muda de equipa em todos os jogos e muda de táctica em todos os jogos. E quando
começam a jogar bem no último jogo, deixam-se empatar, como em todos os jogos em
que jogaram assim esta época (em que deram "espectáculo").
E isto é para cardíacos? Só para gente saudável! É um "Ai Jesus" ver jogar o
Porto esta época. Começa na equipa que Adriaanse coloca em campo. Continua
quando se vê o capitão de equipa. Continua mesmo quando se marca um golo. Porque
sem mais nem para quê, de repente, acontece um revés. Não é uma, não são duas,
não são sequer três vezes que isto já aconteceu este ano! Não é um acto isolado!
Não é azar! É resultado da forma como a equipa é gerida.

O campeonato daqui para frente é complicado, e o único consolo dos dragões é que
os seus mais directos adversários passam dificuldades (de vária ordem) e jogam
(o Benfica) na frente europeia. Portanto, ter-se-á aí alguma vantagem. No
entanto, com vários acontecimentos a terem lugar, é de esperar uma ofensiva dos
restantes rivais, principalmente os da capital, na recta final. Que vêem os
sócios da Direcção? Silêncio. Alguma atitude? Sim. Umas notas pífias e patéticas
colocadas no site, normalmente de ataques pessoais ao Sr. Veiga.

Tenho sofrido muito este ano a ver jogos do FC Porto. Mais do que me lembro
alguma vez de sofrer. Ainda que haja muita gente para quem isso não significa
grande coisa. O "NOVO" FC Porto chegou e veio para ficar. Joga ao ataque e na
incerteza do resultado até final. O espectáculo é garantido. Os enfartes do
miocárdio também.

____________________________
Outras crónicas:
- De Ambição,
Desrespeito e Alianças, por Susana Valente