Craques que se despedem no Mundial

Na Selecção portuguesa parece certo que Figo não voltará a vestir a camisola do seu país depois do Mundial 2006. O jogador do Inter de Milão não anunciou ainda o adeus à equipa das quinas, mas adivinha-se a retirada e é seguro que não disputará outro Mundial. Para gáudio dos fãs do bom futebol, é um Figo de 33 anos num nível de quase excelência aquele que se tem visto pelos relvados germânicos. Deseja-se uma despedida em grande para aquele que é na actualidade o grande embaixador das quinas lá fora. Contando vários títulos no currículo com o Real Madrid, falta ao percurso de Figo uma grande conquista a nível de Selecções. Pode ser que seja desta...Mas não será apenas Figo a deixar o Clube de Portugal, prevendo-se que Pauleta, também de 33 anos, não volte a disputar outro Campeonato do Mundo. Nuno Valente e Costinha, ambos de 31 anos, estão igualmente a chegar ao fim da linha, mas poderão eventualmente ainda participar na qualificação para o Euro 2008.Na França é certa já a retirada de Zidane que vai nos 34 anos. Sendo considerado por muitos um dos melhores futebolistas de todos os tempos, Zidane foi campeão do mundo com a França em 1998 e venceu o Europeu de 2000 com a sua Selecção, além de somar títulos em Itália pela Juventus e em Espanha pelo Real Madrid. Reconhecido pela felina visão de jogo e pela excelência do passe, Zidane é a figura maior de
uma geração que marcou o futebol francês, onde se destacam ainda o defesa Lilian Thuram, o médio Claude Makelele e o avançado Sylvain Wiltord, atletas também em fim de linha.O checo Pavel Nedved, de 33 anos, é outro atleta que não mais mostrará a sua capacidade de desequilíbrio em Mundiais. O jogador da Juventus foi considerado o melhor jogador de todos os tempos da República Checa e é conhecido pela precisão no passe e pela força física. Na formação checa também o ex-benfiquista Karel Poborsky deverá retirar-se da Selecção, sendo aos 34 anos ainda uma peça-chave na formação de Karel Brückner. O futebol do país da Europa de Leste atravessa um período de renovação a meio-campo, sendo que às previsíveis saídas de Nedved e Poborsky deverá adicionar-se o adeus de Tomas Galasek de 33 anos. De resto também o gigante Jan Koller, igualmente de 33 anos, e Vratislav Lokvenc, de 32 anos, estão a atingir a idade limite para a prática do futebol de alto nível.No Brasil não se espera mais de Cafú, defesa que aos 36 anos é indiscutível da Selecção brasileira, disputando na Alemanha o seu quarto Mundial e somando no currículo dois títulos de Campeão do Mundo com a canarinha.
O lateral Roberto Carlos, de 33 anos, não deve igualmente disputar mais nenhum Mundial, embora se possa vaticinar a existência de mais um caso de longevidade “à Cafú”.O sueco Henrik Larsson é um dos já anunciados “reformados”, regressando depois do Mundial ao seu país natal para terminar a carreira na equipa da terrinha. O avançado de 34 anos deixará saudades nos grandes palcos pela eficácia ofensiva, mas tem já um sucessor à altura na Suécia, o jovem Zlatan Ibrahimovich.Boas recordações na tarefa de impedir o ímpeto dos goleadores rivais deixa o alemão Jens Nowotny, de 32 anos, que já anunciou que abandonará a Selecção do seu país. A Alemanha deverá também “perder” os guarda-redes Jens Lehman e Oliver Kahn, de 36 e 37 anos, respectivamente, embora esta posição permita mais fintas ao peso da idade.No Paraguai Carlos Gamarra, de 35 anos, e Roberto
Acuña, de 34 anos, já anunciaram que não jogarão mais com as cores do seu país, despedindo-se da equipa na próxima terça-feira no jogo com Trindade e Tobago. «É tempo de dar espaço aos mais jovens», nota Acuña; e Gamarra refere que «três Mundiais são suficientes». Os dois jogadores participaram com o Paraguai, além de no Alemanha 2006, nos Mundiais de 1998 e de 2002.O Campeonato em terras germânicas será igualmente o último para Mark Viduka, capitão da Austrália, que já anunciou a retirada da Selecção após o Mundial
para passar mais tempo com a família. «Os jogadores europeus só têm três ou quatro horas de voo, eu tenho que viajar até ao outro lado do mundo», destaca o avançado que vai fazer 31 anos em Outubro sobre as deslocações para integrar as convocatórias da sua Selecção. «É preciso uma semana para recuperar», lamenta o atleta do Middlesbrough.Na Itália os defesas Fabio Cannavaro e Marco Materazzi terão 36 anos cada aquando da próxima edição do Campeonato do Mundo e poderão já não contar para a squadra azzurra, com Alessandro Nesta e Massimo Oddo a contarem também já 30 anos, e Alessandro Del Piero e Filippo Inzaghi têm 31 e 32 respectivamente.Entre os croatas o defesa Robet Kovac já vai nos 32 anos e o médio Niko Kovac soma 34, enquanto o
avançado Dado Prso já tem 31. Os mesmos 31 anos têm na equipa inglesa Gary Neville, Sol Campbell e David Beckham, enquanto na “Laranja Mecânica” o
médio Phillip Cocu já conta 35 anos, tantos quantos o guarda-redes Van der Sar. Aliás, este Mundial poderá ser o último para vários número um carismáticos na defesas das balizas das suas Selecções. O tunisino Ali Boumnijel com 40 anos é o atleta mais velho do Mundial da Alemanha e não se adivinha que repita estas andanças. Nos Estados Unidos da América Kasey Keller já vai nos 36 anos, tal como Santiago Cañizares de Espanha. Menos um tem o suíço Pascal Zuberbuehler, perspectivando-se que as luvas passem de mãos nestas Selecções.No outro oposto há avançados únicos a despedirem-se neste Mundial, como são o iraniano Ali Daei, de 37 anos, e Dwight Yorke, de Trindade e Tobago, que vai nos 34 anos.A lista de veteranos que provavelmente não voltarão a vestir a camisola das suas Selecções nos grandes palcos não termina nos nomes citados. Alguns deixarão mais saudades do que outros e é certo que uns poucos serão insubstituíveis. Mas a efervescer já nos relvados da Alemanha está uma nova fornada de talentos, mais ou menos maduros na arte do jogo, mas já certezas para o futuro.Susana Valente