Africanos podem ter surpresa também na Alemanha

África é representada no Mundial da Alemanha pela Tunísia e por quatro estreantes, Angola, Costa do Marfim, Gana e Togo, respectivamente. Equipas provenientes de países de um Continente afligido por guerras, doenças e carências vastas, mas cuja estreia num Campeonato do Mundo reflecte a evolução que o futebol africano vem experimentando. Já não moram abaixo do Mediterrâneo apenas Camarões, Nigéria e Marrocos e espera-se que em terras germânicas algum dos debutantes surpreenda à imagem do Senegal que chegou aos quartos-de-final em 2002. A Costa do Marfim, que defronta neste sábado a Argentina, perfila-se como osso duro de roer...

Magrebinos a abrir caminho

Até 1958 África não tinha qualquer lugar no Mundial da FIFA e foi em 1982 que passou a ter direito a dois representantes, em 1994 passou para três, em 1998 quatro e em 2002 cinco, os mesmos que coloca em 2006. Os países do Magreb abriram o caminho nas primeiras edições com o Egipto a participar no Mundial de 1934 e Marrocos no de 1970. A Tunísia, definida como o "Brasil de África", alcançou a primeira vitória africana numa fase final de um Mundial em 1978 derrotando o México por 3-1. Para a Alemanha, e num Grupo com Espanha, Ucrânia e Arábia Saudita os tunisinos não parecem ter grandes argumentos, dependendo demasiado da inspiração da dupla Santos-Jaziri.

Camarões de Eto'o afastados pela Costa do Marfim

A Argélia foi a surpresa em 1982 derrotando a Alemanha por 2-1, embora não tenha passado da primeira fase da prova.
No Itália 1990 foram os Camarões a revelar-se ao mundo. A equipa de Samuel Eto'o não marca presença na Alemanha, tendo sido eliminada pela Costa do Marfim, a Selecção africana que poderá muito bem ser a grande surpresa de 2006. Com Didier Drogba à cabeça, os "Elefantes" contam ainda com elementos como os defesas Touré e Eboué, do Arsenal, ou Kalou do Paris-Saint Germain e Koné do PSV Eindhoven. Colocados no mesmo Grupo de Argentina, Holanda e Sérvia, é certo que os costa-marfinenses terão uma palavra a dizer na qualificação para os oitavos-de-final.
Em 1990 os camaroneses chegaram aos quartos-de-final, onde foram eliminados pela Inglaterra após uma derrota por 3-2, tendo derrotado a Colômbia nos oitavos-de-final por 2-1. Em 2000 os "Leões Indomáveis" venceram o Ouro Olímpico e é com espanto que não estão na Alemanha, tendo perdido a qualificação sob a liderança do português Artur Jorge.


Angolanos em busca de afirmação

A Nigéria é outra das potências do futebol africano que não disputa o Mundial 2006, tendo falhado o apuramento no Grupo de Angola com o mesmo número de pontos, mas em desvantagem no confronto directo. Os nigerianos conseguiram alcançar os oitavos-de-final nos Mundiais de 1994 e de 1998, tendo conquistado o Ouro Olímpico em 1996. Volvidos 10 anos estão arredados dos grandes palcos por culpa de uma Selecção angolana em ascensão. Os "Palancas Negros" enfrentam o Mundial num processo de evolução e maturidade futebolística, com Portugal a apadrinhar a estreia da antiga colónia no Grupo D, onde se incluem ainda México e Irão.
Em 2002 foi o Senegal de Fadiga e Diouf a surpreender vencendo a França no jogo inaugural por 1-0. Nos oitavos-de-final
os senegaleses derrotaram a Suécia e chegaram aos "quartos" onde perderam para a Turquia com um "golo de ouro". Foram afastados da Alemanha pelo Togo que os venceu por 3-0 na partida em casa. Apesar disso, não se espera uma grande campanha dos togoleses onde o avançado Adébayor, do Arsenal, é a grande figura. Estão também num Grupo onde França, Suíça e Coreia do Sul surgem com outro potencial.
O Gana passou as eliminatórias à frente de Congo e África do Sul. Bi-campeões do mundo de sub-17 (1991 e 1995) e Medalhas de bronze nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em
1992, os "Estrelas Negras" não estão num Grupo fácil com Itália, República Checa e Estados Unidos da América, tendo em
Michael Essien, médio do Chelsea, a vedeta.

Independentemente de quaisquer vaticínios em termos da prestação desportiva das equipas africanas, é certo que na Alemanha terão a oportunidade de revelar ao mundo um continente diferente, já não apenas de guerra e violência, mas também de valores positivos.