Que adeptos somos e porquê?

A tua questão é bastante interessante. O ideal do desporto, nos dias de hoje, no futebol (profissional), já não existe - na prática.

Acima de tudo é um negócio. Valores como o respeito pelo adversário ou mesmo da saúde já não fazem o mínimo sentido nesse contexto: basta ver que os atletas podem morrer, em alguns casos, por excesso de esforço, ou ficar profundamente lesionados. Num dia estão num clube, noutro estão noutro, tanto faz. Só o adepto é que acredita que o que os move é uma paixão como a deles. Ridículo.

Tal como tudo na sociedade de hoje, o meio não interessa, o fim é que é o importante. Não importa se se ganha de forma ilegal ou enganosa. O que importa é ganhar.

Em vez de se entender cada jogo como um espetáculo (como os de música, teatro, etc, que são entertenimento), aqueles 90 minutos só importam se o resultado nos for favorável - e assim desperdiçamos 90 minutos da nossa curta vida, correndo para o fim, sem desfrutar daqueles instantes que separam o princípio e o fim do jogo.

Isto, cada vez mais, acontece em todos os desportos. Quando se vêem imagens de arquivo de outros tempos, apercebe-se que nesses havia um espírito menos profissional e, consequentemente, mais humano. Corria-se por amor à camisola (na fórmula 1, por exemplo, o que moviam os pilotos era a paixão da velocidade e não os salários astronómicos).

Quem se puser a pensar assim, como propões, acaba por se afastar daquilo que o futebol é hoje. Poucos são os que querem mudar. Mudar implica mexer com a personalidade e não creio que a maior parte de nós tenha estofo para isso.

e chegam a fazer grandes idiotices em nome disso

por outro lado, há dirigentes que se apoiam nessa extrema alienação

mais o fenómeno doentio das claques

eu cá adoro futebol mesmo e interesso-me pelo jogo, independentemente do clube de que se fala

Jovem futebolista do E. Amadora perde a vida em acidente de viação
O futebolista Mauro Gama, de 21 anos, pertencente aos quadros do Estrela da Amadora, morreu esta tarde na sequência de um acidente de viação ocorrido na auto-estrada do Norte, entre Fátima e Leiria.
Na viatura encontrava-se também outro atleta dos «tricolores», no caso Humberto Miranda, mais conhecido por Beto, que se encontra em estado de coma no Hospital de Leiria

Alguém conhecia estes atletas?

Na desculpa e no não assumir o erro.
Fazemos uma asneira e em vez de assumirmos a culpa, dizemos que outros já fizeram igual. E passados dias vemos uma atitude negativa na outra parte, e dizemos: então, eles também fazem coisas parecidas.
Não sei se me fiz exprimir bem, não ando com muita veia para discutir estes assuntos que do ponto de vista intelectual são muito interessantes (estou mais preocupado com o déficite das contas do nosso País, passam governos sucessivos e nenhum demonstra capacidade para resolver a situação, todos os economistas mandam "bitaites" mas soluções nicles).
Voltando ao tema, acho que toda a gente percebeu ao que me queria referir. Nem é preciso citar nomes ou casos, os últimos dias falam por si.
O que fazer no meio disto?
lutar contra isto?
desistir e arranjar outro hobby que não seja o futebol?
Complicada a resposta.A vida é curta, cortar com coisas que nos preencheram grande parte da vida é complicado, aguardem-se melhores dias e procuremos ficar na memória apenas com as coisas positivas.

...mudar?

" É algo em que todos deveríamos reflectir e sobretudo assumir estar errado e querer mudar."

Mais depressa mudamos a definição de desporto e os estatutos dos clubes, do que a nossa relação com ambos.

Sinto-o como uma experiência/relação quase religiosa, misturada com uma pitada de espírito guerreiro.
Os clubes, as equipas funcionam como projecções dessas coisas todas, e só assim se chega a paixões tão grandes e cegas.

É capaz de não ser muito saudável, mas não gostava que fosse de outra maneira. :)