Laurentino Dias bastante satisfeito com o trabalho de Hermínio Loureiro

os primórdios do apito dourado Uma viagem ao passado e aos arquivos do futebol devia ser obrigatória nos momentos de maior crispação do luso futebol. Para sentirmos como tudo era diferente e como os casos de hoje são muito relativos. Vem isto a propósito de Miguel Siska, o treinador de quem se fala hoje a propósito de um recorde que Jesualdo Ferreira se arrisca a bater no comando técnico do FC Porto: 13 jogos do campeonato sempre a ganhar. Ao actual treinador faltam ainda 6 vitórias, depois de dobrar a marca também histórica de Artur Jorge, em 1990/91. Mas recuemos a 1938, quando a Europa lambia as feridas da Guerra Civil espanhola e se preparava para o seu segundo grande conflito. Miguel Siska subia à condição de treinador da equipa azul e branca, depois de uma brilhante carreira como guarda-redes. Precisamente na primeira edição do Campeonato Nacional. O FC Porto venceu-a com as tais 13 vitórias consecutivas a abrir, num campeonato de apenas 8 equipas, no qual o portista Costuras, com 15 golos, foi o melhor marcador. Não se pense, porém, que foi um campeonato fácil para o FC Porto, que só perdeu pela primeira vez em Março, com o Benfica, a equipa com a qual discutiu o título até à última jornada, onde chegou em condições de o discutir porque o Sporting empatou com o Benfica. Ah, conta-se que um dos segredos deste título passou também pela decisão do treinador Siska em premiar os jogadores com 20 escudos pela vitória e 10 pelo empate. O jogo decisivo disputou-se no Campo da Constituição e foi para além de qualquer polémica que se possa imaginar. O FC Porto venceu por 4-3 mas o árbitro setubalense Henrique Rosa anulou, perto do fim, um golo ao Benfica. O árbitro acabou com a camisola rasgada e houve invasão de campo. O ano desportivo continua com uma meia-final da Taça de Portugal, na sua primeira edição, na qual o FC Porto desiste aos 73 minutos da segunda mão com o Benfica, quando perdia por 6-0, protestando o resultado. A 15 de Outubro do mesmo ano, um FC Porto-Académico acaba à batatada e vários jogadores portistas são suspensos, entre os quais Pinga, estrela da equipa de Siska, que apanha 365 dias de suspensão por agressão ao árbitro Vítor Ramos.