Uma vitória com dedo de Vítor Pereira (Crónica)

O FC Porto venceu por 3-2 na Luz e está agora isolado no comando do campeonato, com 3 pontos de avanço sobre o Benfica. Vítor Pereira, treinador dos campeões nacionais, tão criticado noutras alturas, desta vez tem de ser elogiado: as substituições que fez foram essenciais. Foi a terceira vitória seguida dos dragões na Luz e o a terceira derrota nos últimos quatro encontros esta época para as águias.

O 3-2 foi marcado aos 86' por Maicon, beneficiando de uma posição de fora de jogo. Foi o único erro grave da equipa de arbitragem de Pedro Proença, mas que acabou por ser decisivo. 

Foi um jogo presenciado por cerca de 58 mil espetadores, um pouco abaixo dos 63 mil que estiveram esta época na Luz frente a Sporting e Manchester United, naquelas que foram as duas melhores "casas". E tiveram oportunidade de assistir a um clássico memorável.

Nas águias, Nolito foi titular, com Bruno César e Rodrigo a ficarem no banco. Nos dragões, Maicon voltou à posição de lateral direito e Djalma foi titular no ataque, com James Rodríguez, naturalmente, a ficar no banco, depois de só se ter juntado aos seus colegas na manhã desta sexta-feira.

O FC Porto entrou mais dominador, jogando no meio-campo do rival. Os adeptos do Benfica gritavam "uh uh uh" de cada vez que Hulk tocava na bola. Mas calaram-se logo aos 8 minutos, depois do brasileiro atirar uma "bomba" que só parou no fundo das redes de Artur Moraes. Hulk já não faturava desde 21 de dezembro (frente ao Paços de Ferreira, para a Taça da Liga).

O golo fez mal ao Benfica e aos seus adeptos, que sublinhavam cada perda de bola da sua equipa com estridentes assobios. Os encarnados ficaram claramente afetados com a desvantagem no marcador e não conseguiam construir jogo. Nolito bem tentava, mas estava desacompanhado...

A meio campo, a luta era intensa, com Javi Garcia e Lucho "pegados". E na direita do ataque, Hulk dava cabo da cabeça a Emerson, que ainda por cima não tinha a devida ajuda de Nolito.

O primeiro contratempo para o FC Porto foi o amarelo (bem) mostrado a Rolando aos 20 minutos, por falta sobre Cardozo. Pouco depois, os adeptos benfiquistas desesperaram quando Cardozo falhou o empate de forma incrível, completamente isolado diante de Helton.

As águias animaram e no lance seguinte, novo amarelo para um defesa portista: Álvaro Pereira, por falta dura sobre o seu compatriota Maxi Pereira. A Luz, até aí em silêncio (com exceção dos 3 mil portistas) animava-se, finalmente. Aos 28', mais um jogador visitante admoestado, agora por falta sobre Witsel. Outra boa decisão de Pedro Proença, impecável até essa altura.

O Benfica empurrava o FC Porto para o seu meio-campo e a equipa de Vítor Pereira só respondia em tímidos contra-ataques.

Aos 33' mais um desperdício incrível de um jogador do Benfica, isolado perante Helton. Dessa vez foi Aimar, de cabeça, a atirar muito fraco para as mãos do guardião.

Em dois lances no minuto 35', o FC Porto mostrou que a defesa do Benfica tinha de continuar bem atenta e criou duas belas oportunidades para marcar, mas Artur Moraes foi "gigante" a travar os remates de Janko e Alvaro Pereira. E logo a seguir, Moutinho atirou à barra, de livre direto!

Grande espetáculo e...igualdade!

O jogo estava muito bom, com duas equipas ao ataque, em busca do golo. O Benfica acabou por ser premiado, aos 42', com Cardozo a aproveitar um ressalto na área e a "fuzilar" Helton. Estava feito o empate, resultado justo ao intervalo, apesar da ligeira superioridade portista em oportunidades para marcar (4-3, a contar com os golos).

A primeira parte foi fantástica, com tudo o que um clássico deve ter: golos, muitas oportunidades para marcar, luta, intensidade e uma grande arbitragem, com exceção do tal lance do 2-3.

Ambas as equipas regressaram do intervalo com os mesmos onzes. Isto apesar de Cardozo ter terminado o primeiro tempo com muitas queixas, depois de se ter magoado num lance em que fez falta sobre Rolando (e no qual viu amarelo, primeiro para jogadores das águias).

Outra vez o Tacuara e aparece James em cena

O Benfica reentrou mais ofensivo que o rival e logo no terceiro minuto operou a reviravolta. Mais um golo de Cardozo, desta vez de cabeça, na sequência de um livre lateral apontado por Aimar. No entanto, logo a seguir, contrariedade para a equipa de Jorge Jesus, pois Aimar lesionou-se e foi rendido por Rodrigo.

Vítor Pereira colocou James Rodríguez em campo no minuto 58, no lugar de Rolando. Djalma foi para falso lateral direito e Maicon para central.

Por incrível que pareça, a segunda parte foi jogada ao mesmo ritmo da primeira. Pressentia-se que qualquer equipa poderia marcar e foram os dragões a faturar, em mais um grande golo com o pé esquerdo, o terceiro da noite. Desta fez foi James, a fazer jus ao estatuto de melhor marcador da sua equipa.

A meio da segunda parte, outro jogador do Benfica saiu lesionado, desta vez Garay, entrando Miguel Vítor para o seu lugar. Jesus desejaria certamente que Jardel estivesse naquela altura no banco, mas compreende-se a sua opção: Miguel Vítor também poderia fazer a posição de defesa direito, em caso de necessidade, enquanto Jardel é "apenas" central.

Aos 77' o Benfica ficou reduzido a 10 jogadores, por expulsão de Emerson, que viu o segundo amarelo, por falta sobre Hulk. Uma decisão acertada de Pedro Proença e que viria a revelar-se decisiva.

Gaitán recuou para lateral esquerdo e o FC Porto ganhou ascendente, trocando bem a bola, empurrando o Benfica para trás. Aos 86' Kléber substituiu Moutinho: Vítor Pereira dava tudo pela vitória!

E foi premiado no lance seguinte, com Maicon a fazer o 3-2, de cabeça, num lance com muitas culpas para Artur Moraes. O defesa brasileiro estava no entanto em fora de jogo milimétrico.

Há duas semanas, quem dissesse que o Benfica estaria em segundo lugar, com menos três pontos que o líder e possivelmente com os mesmos pontos do Sporting de Braga (se vencer este sábado o Nacional) seria possivelmente acusado de ser um louco. Mas o futebol é mesmo uma caixinha de surpresas...