Afinal, que guerra é esta?! | Relvado

Afinal, que guerra é esta?!

 

Muitos poderiam apontar a veracidade dos seus argumentos, indicando a supremacia de Lisboa relativamente ao Porto, se bem que, em humilde opinião,
a capital não fica no sul do país. Deduzo que, na mente do presidente portista, Monchique, por exemplo, seja uma zona distante na Mauritânia e que
Beja se situe na costa meridional de Marrocos. Para todos os efeitos, Portugal sofre de uma inevitável política centralizadora derivada dos
próprios condicionalismos históricos e geográficos impostos pela localização da sua capital. O aproveitamento político de tal situação, para além
de óbvio, só é criticável face à evidência de um completo abandono de outras cidades. Ora, como é certo e sabido, tal não se verifica, se bem que
os ritmos de implementação de vários projectos estatais estejam intimamente relacionados com “cores” autárquicas. Nada de estranho aqui.Noutra perspectiva, conferir importância a esta situação parece-me a mim potenciar um cunho ao presidente do FCP que, aponte-se, é algo que não tem
nem pode ter, pelo menos neste tipo de matérias. Caso o dito queira, de facto, enveredar por este tipo de discussões, porque não pronunciar-se também
sobre o “fosso” entre litoral e interior? Ou sobre a ausência de vias de comunicação para as zonas mais recônditas do nosso país? Ou mesmo
sobre a discrepância no que toca ao investimento turístico nas Beiras e Alentejo? Porquê manter-se ecumenicamente numa estéril discussão sobre uma
imaginária rivalidade entre Lisboa e Porto?Deduzo que nada tenha a ver com as cidades propriamente ditas, pois não estou a ver onde é que o Museu do Chiado ganha ao Soares dos Reis, onde é que
o Terreiro do Paço supere a Ribeira, onde é que os Jerónimos ofusquem a belíssima Igreja de São Francisco ou onde é que São Bento vença o Palácio de
Cristal ou o da Bolsa. Em muitas destas situações (e em tantas outras), até é o Porto que vence.Se estamos a falar em investimentos estatais ou orçamentos anuais, creio que aquele mito (que de tal tem pouco) de que o Porto está sempre em obras
atesta bem a atenção que lhe é dada pela administração central... E creio que é melhor nem entrar pela “derrapagem” da Casa da Música. Petróleo poderá
não haver no Porto... mas dinheiro é coisa que não lhe falta!Mas voltemos ao futebol, senão incorremos no risco de nos dispersarmos. Para todos os efeitos é isso que nos traz aqui, certo? A constante insistência do
presidente portista nesta matéria, “sabiamente” regada por fina ironia e uma eloquência superior, é transposta para o desporto, fazendo de Benfica e
Porto os maiores rivais num campeonato que há duas décadas (curioso arco temporal) é dominado pelos do Norte. Como tal, Pinto da Costa incorre
aqui não numa Santa Cruzada pela “igualdade” do Porto relativamente a Lisboa, mas sim numa incessante crispação, revelando laivos de uma
pretensão imperialista e impossibilitando uma acalmia não só em termos desportivos mas também políticos, esquecendo-se de que a “sua” cidade não é a
capital de Portugal, mas tal não a faz inferior àquela. Simplesmente diferente, tal como o são Coimbra, Évora, Viseu, Braga, Beja, Faro, etc.Face ao exposto, gostava de saber a opinião dos relvas acerca desta matéria, pedindo que tentassem ler as minhas palavras não como um ataque
(não o é) ao presidente portista, mas simplesmente como uma opinião acerca de uma posição por ele tomada.P.S: Em termos de cidade, sou muito mais adepto do Porto.
GVF

I Liga:

Comentários [131]

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Re: Uma oração marcante!

...ou a Hungria.

Re: Uma oração marcante!

Embora o fórum seja futebol, e o senhor em questão evoque o sistema político como arremesso para o seu actual insucesso desportivo-económico, as duas questões são insolúveis. Pois eu atrevo-me a afirmar que a destruição, o findar de tudo, ou seja, de uma suposta centralização (imagem temida, qual cabo das tormentas) que tanto comentam, criando uma regionalização (que não passa de um novo centralismo, mesma génese) do zero é um retrocesso, é uma multiplicação do falso centralismo nas diversas regiões de nosso país, nada se modificará, porque os actores actuais serão os do futuro, serão os mesmos, simplesmente com uma nova palavra de ordem "Regionalismo=Equidade/Justiça, resumindo semântica". Sim, a situação de Portugal é digna de uma grande reflexão (compartilho de sua opinião e do ancestral Medina Carreira, mesmo não sendo seguidor de sua ideologia política), mas não será com certeza através centralismos (que tenta espelhar a actual ganância, falsamente) e regionalismo (espelho enganador de absoluta resolução), mas sim, de uma ampla reformulação democrática em nosso país, que na humilde opinião, só a população poderá alterar com uma reformulação comportamental (democracia directa), sim, vamos com dezenas de anos de atraso em relação a outros, pois destrui-se por completo uma estado, ou invés de o reformular e o desenvolver/progredir num sentido mais aprazível para a população. Essa população que confundiu posteriormente liberdade com libertinagem, essa população que agora tem uma tarefa em mãos, reformular o conceito democrático que se encastrou negativamente em Portugal, progresso esse que não passará com certeza pela intervenção de uma quantidade de pára-ventos (políticos) que repetem apenas o que o povo deseja ouvir (aumentos de salários, diminuição da carga horária, direito dos cidadãos, aproximação económica de x,y,z, diminuição do preço dos combustíveis), só regalos (palavras) vãos, sem o mínimo de relevância perante minha interpretação.. Saudações

Re: Uma oração marcante!

Obrigado pela resposta, meu caro... :) E temos posturas diferentes, apesar de sensibilidades semelhantes para com o dito "senhor". Metáforas da mediocridade deste país faço questão de as criticar e combater da forma que me é possível. De resto, concordo com a apreciação. Há um ciclo que parece estar a chegar ao fim. Trinta anos são anos a mais para pactuar com a instauração de um sistema que deixa manietado as próprias fundações da nossa democracia pós-25 de Abril. Os sinais da queda parecem suceder-se...e será uma queda que conto que dê lugar à acalmia no nosso futebol. E por aqui degustou-se cozinha tipicamente italiana, com recurso a um tinto DOC de Arruda. Antes de dormir só falta mesmo o moscatel. :) Um abraço...e boa sorte com a indigestão.

Re: Uma oração marcante!

Li num comentário mais acima com o Maior, que o meu caro é de "Évora", pois toda a minha família (materna) é de Alter do Chão (Portalegre), é com prazer que observo alguns dos melhores usuários presentes serem do belo Alentejo.. Só tenho imensa pena não ter um representante na Liga principal. Saudações

Re: Uma oração marcante!

Já tivémos em tempos...desde o saudoso Lusitano ao desaparecido Campomaiorense. Mas os ventos desse retorno não me parecem favoráveis. Alter partilha da beleza melancólica desta fantástica região...e, como não podia deixar de ser, come-se excepcionalmente bem. :) Fica aqui o repto para a partilha de um repasto por estas bandas, meu caro. Abraço.

Re: Uma oração marcante!

Fica acordado, meu caro. Saudações

Da minha parte a unica rivalidade que existe...

é dentro do campo entre o meu clube e os rivais de Lisboa, nada mais... Tenho amigos Benfiquistas e Sportinguistas, tenho amigos e amigas Lisboetas, sempre que fui a Lisboa senti-me bem recebido, bem tratado. Agora se formos analisar a situação a outros niveis, sociais, culturais, financeiros, apoios do governo e por aí fora se calhar o Porto tem mais razões de queixa que Lisboa mas...deixo isso para os meus colegas de forúm que gostam de dabater estas questões. Cumps

É muito fácil criticar Pinto da Costa

A sua imagem está fragilizada, por causa da relação com Carolina Salgado, todo o processo e consequente divulgação das escutas, os próprios resultados desportivos do clube não têm sido os melhores, etc. Suponho que, para Lisboa, seria muito mais conveniente que os "carneirinhos" do Porto e do resto do país continuassem a comer e calar enquanto 99% das iniciativas sociais, económicas e culturais culminassem na capital enquanto o resto do país beneficia dos restos indesejados. Pinto da Costa não fez isso. Ao invés, foi capaz de compreender o funcionamento dos bastidores do mundo desportivo, onde certamente já reinaria a corrupção (não é preciso ser inteligente para deduzir isto, qualquer clima ditatorial é muito mais propício a este fenómeno) e aprendeu, pouco a pouco, a executar as tácticas até então praticadas por dirigentes de outros clubes que nessa altura conquistaram a sua hegemonia. Mas este não é o problema. O problema , é que PC teve, de facto sucesso, transformando o FCP na maior potência futebolística portuguesa e relegando para segundo plano o Benfica, até então dominador. E, como sabemos, o sucesso e a inveja andam de mãos dadas - assim se explicam as constantes tentativas destinadas a deitar abaixo a sua imagem. Agora, aquilo que ponho em causa em PC é a actualidade do seu discurso. Hoje em dia o panorama é completamente diferente e não vejo vantagens numa guerra norte-sul, até porque que m tem que dar à perna é o Benfica (no sentido de recuperar o domínio do futebol português). Os acontecimentos do túnel da luz vieram a provar que PC tem na margem sul um inimigo à altura capaz de sujo para ganhar, seja de que forma for. Por isto, é seguro dizer que a guerra está para durar. Critiquem a sua abordagem se quiserem. De nada vale. Os meios justificam os fins. A verdade é que Pinto da Costa ajudou a colocar a cidade do Porto no mapa coisa que nenhum dirigente desportivo alguma vez na história conseguiu fazer. A corrupção é um fenómeno actual e muito português. Querer reduzi-la à figura de PC é não só injusto, como estúpido. Se condeno a corrupção e apoio a condenação de todos os intervenientes?Como cidadão cumpridor, claro que sim. Se acho que vale a pena cumprir a lei enquanto outros jogam sujo e saem a ganhar? Não me parece... Em Roma, sê Romano. O problema de PC não foi ter aprendido os costumes da cidade, foi ter chegado a Imperador.

Re: É muito fácil criticar Pinto da Costa

Apesar de não concordar na totalidade, tens aqui um comentário que, para mim, é digno de uma merecida vénia. Argumentaste bem...e tocas em pontos que são, de facto, uma verdade insofismável. PdC soube transformar o FCP no que é hoje, contornando o sistema vigente e criando outro. Como é óbvio, pode ser aplaudido...ou criticado. Ambas as posições são válidas e devido à coerência com que expuseste as tuas considerações...só consigo lamentar não ter pontos. :) Bem escrito....virtual. Abraço.

Re: É muito fácil criticar Pinto da Costa

Pinto da Costa está muito longe da imagem que queres dar. A ideia dele não é "roubar" a Lisboa para dar ao resto do país mas sim ao Porto cidade, onde lhe poderá ser mais útil. Não tenhas dúvidas que a forma de pensar não é tão diferente da de quem ele critica. Cumps

Re: É muito fácil criticar Pinto da Costa

e acrescento que o Porto cidade é extremamente mais importante do que o Porto clube ainda que haja quem se esqueça disso e acredite que Porto cidade é o que é em virtude do Porto clube e do seu presidente..